O Parque Ibirapuera recebe novos hóspedes e já se acostumou com outros recém-chegados, todos eles vindos do universo artístico da cidade. Um deles é a instalação "Caminhos Efêmeros da Poesia", da poeta Rita Alves, que chegará ao parque em novembro. A intervenção consiste em gravar frases e poemas no asfalto e em meio às raízes das árvores que margeiam o Lago próximo à Praça da Paz, num trajeto de aproximadamente 600 metros. A organização do evento é da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, por meio da Coordenação de Eventos do Parque.
Os poemas serão grafitados pelos Gêmeos da Arte, Anderson e Robert Pinheiro, aliando versos, artes visuais, propostas culturais e ambientais. A ideia de concretizar a poesia pelos caminhos do parque foi do diretor do Parque Ibirapuera, Heraldo Guiaro, que pretende abrir a possibilidade de se utilizar este espaço para novas intervenções efêmeras. "A ideia é estimular os visitantes diante desta proposta, para que eles se sintam parte integrante do processo poético, que passem a transitar pelo obra, interagindo com o espaço da natureza, em que o meio ambiente é o principal veículo para a mostra da curadoria de poemas", explica Guiaro.
No mesmo dia, haverá a instalação da obra "Poesia não tem Hora" - também criação de Rita Alves e do artista plástico e publicitário Lee Swain, que montará um relógio de sol em meio ao parque. A cada hora marcada, uma poesia representará o numeral em placas de pedra. Serão 12 placas de formato irregular, com 12 poesias gravadas de 12 artistas diferentes. As pedras serão colocadas em torno de uma árvore, e a sombra desta árvore fará o papel do ponteiro, assinalando as horas em cada uma das poesias.
Os visitantes poderão pisar nas horas e nas placas dos versos e escolher a leitura de poetas contemporâneos como Alice Ruiz, Lívia Garcia Roza, Guilherme de Faria, Reynaldo Bessa, Rita Alves, Roberto Piva, Luis Serguilha, Pedro Vicente Alves Pinto, entre outros. A cerimônia de inauguração das obras será marcada por apresentações musicais de Os Chorões, Os Trovadores Urbanos, Quarteto de Música Instrumental da Escola do Auditório Ibirapuera, além da leitura de poemas por Luciana Vendramini, Jayme Periard, Cássio Junqueira, Pedro Vicente Alves Pinto, Guca Domenico e Heraldo Guiaro.
Entre os recém-chegados ao parque, estão a "Mantra Dinamus Estelar", do espanhol Jaime Prades. Era só uma caixa- d'água em formato cilíndrico, com mais de 10 metros de altura, localizada entre os prédios do Museu de Arte Moderna (MAM) e a Bienal, no Parque Ibirapuera. Até que Prades resolveu transformar aquela superfície de alvenaria com muitas marcas urbanas e pichações em uma grande tela, pronta para receber pinceladas e cores vivas, misturando e transformando tudo em arte.
O trabalho do artista espanhol dialoga com a realidade e as características urbanas grafadas ali, agregando valor ao incluí-las dentro de uma obra cultural. "Essa "sujeira" aos olhos da maioria precisa ser vista, tornada visível através da consciência sobre a realidade de nossa cultura, onde predominam os valores de consumo, aparência e onde o dinheiro é Deus", afirma Prades.
A caixa de concreto que se transformou em arte também inverte a relação dominante da cidade, onde as edificações dominam as árvores. Ali acontece o contrário - a caixa d'água está rodeada pelo verde, como um remanescente de uma cidade ou de uma civilização perdida no tempo. É nesta poética, do tempo e da memória, do estranhamento e do conflito entre natureza e cidade que o artista atuou.
Jaime Prades é um dos artistas pioneiros da arte urbana de São Paulo da década de 80. Seus grafismos fazem parte da identidade visual de São Paulo.
O artista Antonio Peticov também usou o espaço do parque e a natureza para fazer sua arte utilizando o conceito da não perpetuação. As folhas de árvores caídas na terra serviram de inspiração ao artista, que desenhou um circulo movimentando as folhas para fora, formando um circulo traçado pelo marrom escuro da terra, que estava por baixo das folhas. "É na efemeridade deste trabalho que a arte se justifica, como complemento da forma circular, metáfora profunda de ciclo, de princípio e fim, amalgamados até que não se reconheça onde foi o ponto de partida", explica o artista.
Assim, o próprio tempo cumprirá a função de apagar as marcas humanas, pelo efeito do vento. "Neste trabalho sou o agente humano que desperta os nossos olhos para o trivial da natureza, que não deixa de ser sempre uma surpresa, uma possibilidade de expressão", concluiu Peticov.
Serviço:
"Caminhos Efêmeros da Poesia" e "Poesia não tem Hora"
DATA: 05.11.2011
HORA: 18h às 21h
LOCAL: Margem do lago 2, próximo à Praça da Paz
"Mantra Dinamus Estelar"
DATA: Obra permanente;
LOCAL: Bosque entre os prédios do Museu de Arte Moderna (MAM) e a Bienal;
Informações Parque Ibirapuera: 5574-5177 / 5572-0985
Informações à imprensa: 3396-3080
Fonte: Divulgação
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